All we need is love
Hoje faz 25 anos que John Lennon foi assasinado pelo "fã" Mark David Chapman em frente ao edifício Dakota, prédio (assustador) onde morava, em Manhattan. Chapman disse que vozes o mandaram fazer aquilo e que matar John Lennon era uma "missão". Esta e outras revelações são mostradas no polêmico documentário Eu Matei John Lennon do documentarista irlândes David Harvey, onde o assassino do ex-beatle conta os motivos que o levaram a cometer o crime, e que será exibido justamente no aniversário de morte de John, pelo Channel 4 inglês. Tanto a família de John Lennon, quanto muitos fãs reunidos em Liverpool para as comemorações de hoje manifestaram seu repúdio a exibição do programa.
Acho que tudo tem que ser discutido, mostrado, os dois lados que de toda história tem que ser sempre mostrados. Mas por outro lado, o que leva uma pessoa a se interessar a ouvir as sandices de um cara como este? Antes disso, quais as reais motivações do cineasta que produziu o filme? Curiosidade mórbida? Gerar polêmica e com isso ficar famoso? Transformar Chapman em um ícone pop? Ou apenas mostrar o quanto a mente humana pode ser doentia e contraditória?
Nesta mesma data, há cinco anos, também tivemos uma curiosa homenagem a John Lennon. Em Havana, Cuba, era inaugurada a John Lennon Park, com uma estátua de bronze de John, feita pelo artista cubano José Villa. Na peça que está na foto acima o ex-beatle está tranquilamente sentado num banco de praça. A inauguração teve direito a presença do cantor Silvio Rodriguez e do presidente Fidel Castro, que oficialmente inaugurou o parque. Em seu discurso, Castro disse a todos que compartilha dos mesmos sonhos de Lennon, o considera um verdadeiro revolucionário e uma vítima do imperialismo americano (aí está o viés que Castro encontrou para a póstuma homenagem ou eu é que sou muito cínica?).
O curioso é que nos anos 60/70 ouvir Beatles era crime ideológico em Cuba e os poucos que tinham acesso a música do grupo inglês o faziam em festas clandestinas com as luzes apagadas.
Ainda sob o comando do ditador Fidel Castro, que se perpetua no poder desde a revolução cubana de 1959, mas em tempos de maior abertura significaria isto que o ditador foi dobrado pelo pop? Um sinal de que Cuba querendo ou não já faz parte do mundo globalizado? Ou que Fidel encontrou na ocasião uma oportunidade de por meio de um forte símbolo cultural do mundo ocidental, fazer propaganda política? O que não seria a primeira vez, já que quem já foi a Cuba sabe que o maior símbolo daquele país é o também ícone pop, Che Guevara.
Ainda naquele ano o Partido Comunista, Granma, colocou os Beatles na lista das figuras mais relevantes do século 20, atrás apenas de Fidel Castro, Lenin e de Che Guevara...
Mais um exemplo de que nada é tão simples quanto parece à primeira vista, de que o pop não perdoa ninguém e de que com a abordagem adequada tudo se vende e se recicla neste mundo, até mesmo as idéias.
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