Doces Bárbaros

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Thursday, October 27, 2005

Uma Odisséia na África


Já faz duas semanas que vi O Jardineiro Fiel, o novo longa do Fernando Meirelles (Cidade de Deus) e até agora não tinha conseguido organizar minhas idéias e dizer o que achei do filme. Vou tentar agora.

O filme é uma produção anglo-americana com roteiro adaptado de um romance do inglês John Le Carré. Antes de Meirelles entrar na jogada, tinha sido oferecido ao diretor Mike Newell (Quatro Casamentos e um Funeral), que abandonou o projeto para fazer Harry Potter and the Goblet of Fire. Meirelles que deu um tempo em Intolerância 2, filme que vem tentando fazer há quatro anos, e entrou de cabeça em “Jardineiro”. Menos de 40 dias após ter aceitado a empreitada, já estava vendo locações na África.

Como se tratava de um filme menor, de mais baixo orçamento e off Hollywood, Meirelles obteve um pouco mais de independência. Teve total liberdade na escolha dos atores e quando quiseram impor as gravações na África do Sul onde seria mais barato filmar, ele exigiu que as filmagens se dessem no Quênia para conferir mais veracidade à trama.

Assim começou a se montar uma história de sucesso. Ao escolher um filme menor para dar o primeiro passo de sua investida no mercado internacional, Fernando Meirelles se poupou de muitas dores-de-cabeça e interferências de produtores e grandes estúdios em sua obra, coisa que Walter Salles sentiu na pele ao filmar Água Negra. Assim, não precisou ver nas telas um filme que não era bem aquele que tinha filmado.

O longa conta uma história de amor que tem como pano de fundo a situação política e sócio-econômica dos países africanos, inserindo neste contexto a indústria farmacêutica ávida por lucros, que nem sempre é muito ética em suas pesquisas realizadas nos países pobres. Narrado de forma não-linear a produção retrata a vida do contido diplomata inglês Justin Quayle (Ralph Fiennes) que conhece a jovem e apaixonada ativista Tessa (Rachel Weisz). Eles se apaixonam, se casam, e vão juntos morar em Nairóbi, no Quênia.

Lá, Tessa é brutalmente assassinada e as primeiras pistas levam a possibildade de sua infidelidade com um colega de trabalho. Com a morte da mulher, Justin finalmente acorda de seu estado de torpor e é tomado pela culpa de ter deixado sua mulher se afastar. A partir daí ele parte em uma odisséia na tentativa de reconstruir os últimos passos de Tessa e desvendar o que realmente está por trás de sua morte.

Uma história de amor, mas contada com a câmera nervosa de Meirelles e a fotografia suja de César Charlone (Cidade de Deus). Um casal de protagonistas super a vontade, com uma grande química entre eles, em muitos momentos improvisando mesmo. O destaque está para a interpretação minimalista de Ralph Fiennes que não precisa fazer muito para lermos em seus olhos o que ele está sentindo e que talvez lhe valha uma indicação ao Oscar.

Um dos melhores filmes do ano. Imperdível!

1 Comments:

  • At 4:47 PM, Blogger BlogAuthorNickname said…

    Há duas semanas tentando escrever sobre o filme também!!
    Vou terminar usando teu link.
    hahahahah
    Bjo,

     

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