A vida imita a arte

A gente não precisa ir à Africa, como vimos no filme O Jardineiro Fiel, para se deparar com testes de drogas que ainda estão em fase inicial de estudo (ainda não aprovadas para uso em humanos) sendo testadas em seres humanos em pesquisas de ética duvidosa. Um estudo, coordenado pela Universidade da Flórida e financiado pelo instituto americano de saúde, vinha sendo realizado no Amapá desde 2003 com tinha aprovação do Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) e consentimento informado assinado pelos indivíduos participantes, que dizia que quando aceitassem participar do estudo, receberiam de R$12 a R$20 reais por dia em troca de serem picadas no braço ou perna por mosquitos vetores da doença.
É pela facilidade de aprovação das pesquisas submetidas aos orgãos competentes (principalmente as estrangeiras financiadas por grandes laboratórios farmacêuticos), pela ausência de um orgão regulador que realmente fiscalize, multe e puna severamente quem estiver realizando pesquisas "antiéticas" e pela ausência de legislação adequada para esses crimes, que esta não é a primeira, nem será a última vez em que veremos pesquisas deste tipo sendo realizadas em nosso país.
A malária tem uma incidência de cerca de 400 milhões de casos por ano, com mortalidade entre 1 e 2 milhões de pessoas. É um dos maiores problemas de saúde pública do mundo estimando-se que 40% da população esteja exposta ao risco de contrair a doença dentro de 100 países, entre eles o Brasil. E, em áreas onde é endêmica, como na região amazônica, é crescente o número de parasitas resistentes aos medicamentos usados. O problema é sério, o que preocupa a OMS e governos, e gera criação de programas de prevenção e controle da doença, que muitas vezes ficam só no papel.
Mas com certeza não será com o consentimento da realização de pesquisas deste nível que conseguiremos controlar e erradicar a doença de nosso país.